Loop
Daniel acorda exausto, após mais uma noite carregada de insónias. Entorpecimento mental irreversível? Provavelmente não, apenas mais um capítulo numa fase deprimente da sua vida, cujo prolongamento parece não cessar. Minutos antes de despertar, encontrava-se imerso num sonho profundo, subliminarmente envolvido por um manto negro, uma enigmática fumaça capaz de exercer sobre si um poder hipnótico. Totalmente entregue, Daniel era invadido por um turbilhão paradoxal de emoções, ora terrificado, como que pressentindo uma ameaça iminente, ora fascinado e deslumbrado por esta fumaça. Pelo topo de um farol, pelo cume de uma montanha, por um templo secreto que a erosão do tempo fez questão de esconder ou por uma modesta e rústica igreja, dotada de uma acústica natural sem precedentes, o seu corpo e espírito, numa simbiose perfeita, viajavam à velocidade da luz. Conduzido pela fumaça nesta viagem astral, acaba, no entanto, por finalmente assentar numa rua qualquer de uma grande metrópole, sendo